
“Se for só sexo para mim não interessa”. Uma das mãos puxou meu queixo. A outra espalmada sobre a cama escorava o peso do corpo.
“Ouviu?” Enfiou a língua teimosa dentro da minha boca, me tirando o fôlego e forçando minha mudez. Abriu minha caixinha de Pandora sem pedir licença. Odeio psicanalistas.
“Se for só sexo para mim não interessa”.
Com língua ou sem língua o silêncio seria inevitável.
Despenquei abaixo dos lençóis. O sexo duro cutucava a vagina e os miolos. Odeio consultores gastronômicos.
“Se for só sexo para mim não interessa”.
O peso do passado sobre minhas costas e sob outras costas. As incertezas, riscos e temores emergiam do náufrago romance submerso e esquecido há nove anos. Odeio Zeca Pagodinho.
“Se for só sexo para mim não interessa”.
Liguei o celular e me desliguei das secreções. Chamei um táxi.
“Mas sempre foi... Sempre foi só sexo.”
Adoro fluoxetina e petit gateau.
Pam Orbacam
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