domingo, 11 de outubro de 2009

Suspiro


Apaguei os registros.. Cicatrizes, imagens, sons e luzes. Desliguei o mundo virtual, excluí contas, perfis, blog, orkut e cancelei a linha telefônica.
Bloqueei cartões de crédito, cheques, limpei o nome no Serasa e resolvi parar de comer chocolate. Como se não bastasse, joguei no lixo todas as esculturas e telas e o terceiro casamento criou pernas e seguiu caminho. ..sentido oposto.
Rasguei roupas, doei livros. Perdi arquivos poéticos, calcei havaianas. Corri da literatura, mas ela correu atrás de mim...
Minha abstinência literária continua sendo temporária, fico sem sexo, mas entre uma masturbação e outra, as palavras passeiam aleatoriamente dentro da cabeça, pisoteando os últimos neurônios que restaram.
Na estaca a zero aos trinta e oito anos e terminada a gestação, a lua, que nunca se esconde se fez vista entre as luzes das estrelas mortas. Engatei a primeira, fiz a curva e seguindo lentamente entre os escombros fui recolhendo peças que serviriam na construção de uma história.
Nascer e morrer se transformou em rotina. Sempre foi assim, a necessidade de construir é tão intensa quanto a de destruir.
Recém nascida, reativei tomadas e suspirei. Eu sou sempre eu mesma, não tem jeito. Cansei de tentar não ser.


Pam Orbacam

3 comentários:

Marisa Peres disse...

Seja bem vinda, minha alma agradece a possibilidade de poder sentir a esperança pulsar. Estamos vivas afinal.
Que bom...um brinde!!!
Marisa Peres.

guisalla disse...

Feliz natal digital, poeta!

Beijo!

Anonymous disse...

LINDO!!!!!
BRAVO!!!!!
Vc é ótima, viva sempre...
Suzana Kosmala