domingo, 10 de janeiro de 2010

LUZ




O cheiro e a umidade deixaram saudades.
O cheiro e a umidade agora se foram,
E o rosa tão rosa das rosas agora é pálido
Como um anêmico crônico na ânsia por sangue fresco e quente.
Embora as borboletas nadem om sincronicidade do ar,
Embora as estrelas continuem a iluminar o céu,
Mesmo que mortas, mesmo que mortas...


PAM ORBACAM
imagem: obra "Tango" de Virgínia Palomeque.

LUZ




O cheiro e a umidade deixaram saudades.
O cheiro e a umidade agora se foram,
E o rosa tão rosa das rosas agora é pálido
Como um anêmico crônico na ânsia por sangue fresco e quente.
Embora as borboletas nadem om sincronicidade do ar,
Embora as estrelas continuem a iluminar o céu,
Mesmo que mortas, mesmo que mortas...


PAM ORBACAM
imagem: obra "Tango" de Virgínia Palomeque.

sábado, 9 de janeiro de 2010

GENTE, O QUE É ISSO?




Resolvi tentar novamente. E fui. Impossível que somente eu não conseguisse conviver com outras pessoas. Resolvi fazer uma última tentativa.


Cheguei.

Gente andando, gente parada (no meio do caminho, o que me irrita profundamente), gente comprando bebida, gente bebendo, gente falando, gente a procura de gente.

Saí. Lá fora, gente fumando, mas havia um ventinho bom que permitia que eu não me sentisse sufocada por tanta gente. Isso aliviou um pouco a minha inquietação. Não é o cigarro que incomoda, mas o cheiro de gente.

Entrei. Gente andando, gente parada, gente bebendo, gente procurando por gente, gente sem gente, gente conversando com gente, esguichos de saliva saindo da boca e grudando no rosto de quem ouve, acertando em cheio o olho esquerdo do ouvinte que num reflexo pisca e ri achando graça da sua própria desgraça, isso quando não entra diretamente na boca aberta do próprio, resultando numa troca não voluntária de fluídos corporais.

Continuei andando. Gente encostada em gente, gente esbarrando em mim, olhando pra mim, suando um suor disfarçado de perfume passado por cima do corpo sem banho.

Cheiro de gente impregnado no ar. Hálitos, suores, puns e arrotos alcoólicos. Bocas abertas falando, gargalhando ou bebendo. Uma nuvem de bactérias como naqueles balões das histórias em quadrinhos.

Gente a procura de gente pra tentar amenizar a solidão. Gente a procura de gente pra espirrar saliva. Gente procurando gente para esparramar seu fedor sudoríparo disfarçado de perfume barato.

Gente, o que é isso?

Comprei uma cerveja e fui embora.

 
 
PAM ORBACAM

GENTE, O QUE É ISSO?




Resolvi tentar novamente. E fui. Impossível que somente eu não conseguisse conviver com outras pessoas. Resolvi fazer uma última tentativa.


Cheguei.

Gente andando, gente parada (no meio do caminho, o que me irrita profundamente), gente comprando bebida, gente bebendo, gente falando, gente a procura de gente.

Saí. Lá fora, gente fumando, mas havia um ventinho bom que permitia que eu não me sentisse sufocada por tanta gente. Isso aliviou um pouco a minha inquietação. Não é o cigarro que incomoda, mas o cheiro de gente.

Entrei. Gente andando, gente parada, gente bebendo, gente procurando por gente, gente sem gente, gente conversando com gente, esguichos de saliva saindo da boca e grudando no rosto de quem ouve, acertando em cheio o olho esquerdo do ouvinte que num reflexo pisca e ri achando graça da sua própria desgraça, isso quando não entra diretamente na boca aberta do próprio, resultando numa troca não voluntária de fluídos corporais.

Continuei andando. Gente encostada em gente, gente esbarrando em mim, olhando pra mim, suando um suor disfarçado de perfume passado por cima do corpo sem banho.

Cheiro de gente impregnado no ar. Hálitos, suores, puns e arrotos alcoólicos. Bocas abertas falando, gargalhando ou bebendo. Uma nuvem de bactérias como naqueles balões das histórias em quadrinhos.

Gente a procura de gente pra tentar amenizar a solidão. Gente a procura de gente pra espirrar saliva. Gente procurando gente para esparramar seu fedor sudoríparo disfarçado de perfume barato.

Gente, o que é isso?

Comprei uma cerveja e fui embora.

 
 
PAM ORBACAM

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

INTENSIDADE






Que meus olhos vejam nuvens, chão, caminho

Que se fechem no momento de carinho.

Que meus lábios falem o que é ausente,

Que estejam úmidos e quentes

E enlouqueçam com beijos ardentes

Que meus ouvidos ouçam, sempre,

Mesmo que o silêncio esteja presente

Que meus cabelos se movam com o vento,

E que clareiem com o passar do tempo.

Moldura de um sutil sorriso experiente.

Que minhas mãos toquem com leveza e calor

O que sinto com imenso ardor.

Que meus pés nunca desistam de tocar o chão

A menos que eu um dia eu possa voar.





PAM ORBACAM


INTENSIDADE






Que meus olhos vejam nuvens, chão, caminho

Que se fechem no momento de carinho.

Que meus lábios falem o que é ausente,

Que estejam úmidos e quentes

E enlouqueçam com beijos ardentes

Que meus ouvidos ouçam, sempre,

Mesmo que o silêncio esteja presente

Que meus cabelos se movam com o vento,

E que clareiem com o passar do tempo.

Moldura de um sutil sorriso experiente.

Que minhas mãos toquem com leveza e calor

O que sinto com imenso ardor.

Que meus pés nunca desistam de tocar o chão

A menos que eu um dia eu possa voar.





PAM ORBACAM


domingo, 3 de janeiro de 2010

CRUCIFICAÇÃO




Mais um ano novo, de novo. Lembro-me nitidamente que quando criança eu lia os gibis da Luluzinha (que ainda não era teen...) ela tinha duas páginas bem no meio do gibi que era o "diário de Lulu". Nesse diário,todo início de ano Lulu fazia uma lista: a lista de resoluções para o novo ano.
Eu, como também não era teen, habituei-me a fazer essa lista todo ano novo, de novo.
Com o passar do tempo, percebi que a lista se repetia, ou seja,era inútil que eu me planejasse, me organizasse e me comprometesse a cumprir metas, pois eu sempre falia.
Deixei de fazer a lista e deixei também de ler o gibi da Luluzinha.
Hoje noto que o tempo "me viveu", não vivi o tempo. O tempo me engoliu, sem saliva nem dó, a seco.
Planejar é coisa para professor, organizar é coisa para bibliotecário e cumprir metas é coisa de quem não se alimenta, vira alimento.
Comida de tempo sem saliva nem mastigação, hoje se eu fizesse a minha lista de resoluções para o novo ano ela seria terminantemente igual aquela que fiz quando tinha oito anos, com algumas alterações relativas à idade, como:
- parar de beber tomando gardenal e diazepan (todo ano eu volto).
- parar de fumar (já até tentei, agora aspiro remédios que me fazem esquecer da asma para poder "fumar mais um")
- nunca mais arrumar um homem (que merda! Só me aparece merda e eu continuo tentando...),
...e por aí afora...
Alguns diriam que eu sou mesmo uma retardada mental (assim como minha psiquiatra: delicaaaaaaaada...), outros diriam que sou mesmo um asno, alguns outros me taxariam de teimosa (persistente ficaria mais bonito), mas como eu não estou nem aí para o que você ou outrem digam, foda-se a porra da lista de resoluções do novo ano, as metas, a vida saudável, o provável ataque cardíaco e também a abstinência sexual.
Não nasci para cumprir metas nem ter a ilusão de que estou mais saudável vivendo sem fumar nessa maldita capital poluída. Muito menos me preocupar com a longevidade, se sei que não terei um marido perfeito ao meu lado para lavar minha bunda quando eu tiver 97 anos e estiver gagá numa cama acumulando banha sem poder cagar sozinha.
Prefiro a ressaca do álcool no dia seguinte, meu admirável filtrinho branco e a doce sensação pós orgásmica, (não necessariamente nessa ordem), que seja por quarenta anos.
Crucifiquem-me! Atirem pedras e cuspam em mim. Sinto prazer.
Nada como beber um uísque doze anos ouvindo as pedrinhas de gelo estalarem, dar uma "bem dada", fumar um cigarrinho e depois dormir de conchinha, nua e molhada de gozo.
Passar a noite escura em claro e fechar os olhos para o sol que teima em nos fazer acreditar que estamos vivos.
Já nascemos podres, e a cada dia que passa morremos mais um dia.
Que seja fulgás meu Deus. Acredito na sua benevolência.
Crucifiquem-me. Não sou a Lulu, nunca fui teen.

PAM ORBACAM

CRUCIFICAÇÃO




Mais um ano novo, de novo. Lembro-me nitidamente que quando criança eu lia os gibis da Luluzinha (que ainda não era teen...) ela tinha duas páginas bem no meio do gibi que era o "diário de Lulu". Nesse diário,todo início de ano Lulu fazia uma lista: a lista de resoluções para o novo ano.
Eu, como também não era teen, habituei-me a fazer essa lista todo ano novo, de novo.
Com o passar do tempo, percebi que a lista se repetia, ou seja,era inútil que eu me planejasse, me organizasse e me comprometesse a cumprir metas, pois eu sempre falia.
Deixei de fazer a lista e deixei também de ler o gibi da Luluzinha.
Hoje noto que o tempo "me viveu", não vivi o tempo. O tempo me engoliu, sem saliva nem dó, a seco.
Planejar é coisa para professor, organizar é coisa para bibliotecário e cumprir metas é coisa de quem não se alimenta, vira alimento.
Comida de tempo sem saliva nem mastigação, hoje se eu fizesse a minha lista de resoluções para o novo ano ela seria terminantemente igual aquela que fiz quando tinha oito anos, com algumas alterações relativas à idade, como:
- parar de beber tomando gardenal e diazepan (todo ano eu volto).
- parar de fumar (já até tentei, agora aspiro remédios que me fazem esquecer da asma para poder "fumar mais um")
- nunca mais arrumar um homem (que merda! Só me aparece merda e eu continuo tentando...),
...e por aí afora...
Alguns diriam que eu sou mesmo uma retardada mental (assim como minha psiquiatra: delicaaaaaaaada...), outros diriam que sou mesmo um asno, alguns outros me taxariam de teimosa (persistente ficaria mais bonito), mas como eu não estou nem aí para o que você ou outrem digam, foda-se a porra da lista de resoluções do novo ano, as metas, a vida saudável, o provável ataque cardíaco e também a abstinência sexual.
Não nasci para cumprir metas nem ter a ilusão de que estou mais saudável vivendo sem fumar nessa maldita capital poluída. Muito menos me preocupar com a longevidade, se sei que não terei um marido perfeito ao meu lado para lavar minha bunda quando eu tiver 97 anos e estiver gagá numa cama acumulando banha sem poder cagar sozinha.
Prefiro a ressaca do álcool no dia seguinte, meu admirável filtrinho branco e a doce sensação pós orgásmica, (não necessariamente nessa ordem), que seja por quarenta anos.
Crucifiquem-me! Atirem pedras e cuspam em mim. Sinto prazer.
Nada como beber um uísque doze anos ouvindo as pedrinhas de gelo estalarem, dar uma "bem dada", fumar um cigarrinho e depois dormir de conchinha, nua e molhada de gozo.
Passar a noite escura em claro e fechar os olhos para o sol que teima em nos fazer acreditar que estamos vivos.
Já nascemos podres, e a cada dia que passa morremos mais um dia.
Que seja fulgás meu Deus. Acredito na sua benevolência.
Crucifiquem-me. Não sou a Lulu, nunca fui teen.

PAM ORBACAM

sábado, 2 de janeiro de 2010

DESEJOS




Tua boca


Calor e umidade...

Oxigênio para a alma



Tua pele

Agasalho, cobertor...

Traz paz ao coração



Teu sexo

Armadilha saborosa...

Que o corpo degusta

E aprisiona o pensamento



Tua fala

Suave, quente...

No ouvido ardente

Desperta o corpo dormente



Tua mão

Ah! Tua mão!

Mão que acolhe

Que recolhe

Que conduz os meus desejos

Meus desejos que são seus



PAM ORBACAM

DESEJOS




Tua boca


Calor e umidade...

Oxigênio para a alma



Tua pele

Agasalho, cobertor...

Traz paz ao coração



Teu sexo

Armadilha saborosa...

Que o corpo degusta

E aprisiona o pensamento



Tua fala

Suave, quente...

No ouvido ardente

Desperta o corpo dormente



Tua mão

Ah! Tua mão!

Mão que acolhe

Que recolhe

Que conduz os meus desejos

Meus desejos que são seus



PAM ORBACAM