segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O amor e a solidão



  • (ou o amor é a solidão)


    "hum...
  • é isso
  • o amor é solitário
  • o amor é sozinho
  • o amor é uma coisa só.
  • nao dá pra compartilhar
  • nem curtir
  • saca?
    o amor é o deus que toma conta de tudo
    o amor é o deus q fode com a gente
    o amor é filho da puta.
    o amor é maldito!"

    Confesso que o mar e o álcool do final de semana (simultaneamente em ação) destrancaram uma portinha que... eu sempre falo que deve se manter fechada, mas dificilmente as pessoas concordam comigo: a porra da portinha da caixinha de Pandora (que na verdade nem era de Pandora, era de Epimeteu). Sim, Pandora, aquela que fudeu tudo. Aquela bela maldita. Mulher: bicho curioso e demoníaco. Maldita a hora em que Epimeteu recebeu essa caixa dos deuses. Que porra de deuses são esses que presenteiam uma figura com uma caixa onde são guardados todos os males? Que assassino, largar isso na mão de um homem... E... para a alegria da galera lá estava ela: Pandora, a curiosa que não conseguiu se conter e foi lá meter a mão no que não devia, no que não era seu e... fudeu com tudo. Merda! Aí vem neguinho me falar que lá não tem só coisa ruim, tem também a esperança... Ah! Me economize! Esperança de que? Pra que? Esperança de não se fuder por completo? Abriu, fudeu. A esperança é tímida, ela nunca vai sair de lá, está lá dentro, guardada desde a primeira vez em que a caixinha foi aberta. Esperança covarde, nem mostra a cara... Esperança é coisa para os fracos. Esperança é coisa pra gente sem iniciativa, coisa pra quem espera, já diz a palavra. Sou mulher de caminho, não de espera. Não paro na encruzilhada.
    Enfim, chego em casa e, trocando idéia com o Thiago nos brota o assunto "amor". O Thiago ficou mal, jogou o maço de cigarros no lixo por 10 segundos e voltou lá pra pegar de volta. Precisava fumar, precisava beber, só tinha bebida no posto, precisava ir até lá, mas estava de cuecas, descalço. Sugeri que fosse assim mesmo. Ele não foi, ou melhor, foi, mas não da forma que sugeri. Voltou, bebeu, fumou.
    Só sabe o que é o amor quem o viveu. Ele é provisório, a gente se joga nele sem rede de proteção, a gente ama sozinho, a gente se fode sozinho. O amor meu bem, o amor é um grande filho da puta. Só quem já o conheceu sabe da sua falta de caráter. O amor é só concessão. É maldito. É amarra. É cadeado sem chave, é labirinto.
    Torça pra não encontrar com ele.
      • "mas a gente sempre precisa de alguém
      • mesmo nao precisando de ninguém
      • a gente sempre tem alguém
      • provisoriamente alguém
      • algo
      • tipo

      • provisoriamente temporário.



          • sempre é assim...
        • sempre...
          • amar fode tudo.
          • pena q nao temos controle sobre essa bosta que é o amor...
        • amar é posse?
          • é discurso?
          • é hipocrisia?
        • amar é uma merda!



            • Eu amei.
            • fui...
            • sem limites...
            • até perceber que eu era só.

              O amor é solidão."

              Paula Miasato / Thiago

domingo, 22 de janeiro de 2012

Poseidon



Eu pedi pra que ela viesse. Relutante, ela veio. Sentou a minha frente. Me olhava sem dizer nada. Então eu disse "Vem..."e ela veio. Andava devagar, pés descalços, vestia pouca roupa. Eu insisti: "Vem!" e a ajudei, a incentivei com pequenos beijos em seus pés. Ela fechou os olhos e esse momento foi crucial. Lambi seus pés, dedo a dedo até o calcanhar e ela cedia, se atirando em minha direção. Lambi suas coxas brancas com vigor, mas nunca sem perder a delicadeza até lamber todo o seu sexo. Então ela se derramou em mim e eu a amei como nunca a havia amado. Gozamos e por fim, pude vê-la caminhando de volta, pernas bambas e brancas, meladas do nosso gozo.

Paula Miasato

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SEM TÍTULO





EU SÓ ME METO EM
BURACO FUNDO
BURACO NEGRO
BURACO LISO
BURACO ESCURO.

NÃO ME METO A SER GENTE.
GENTE ME DÁ ASCO
AZIA
ALERGIA.

SE É PRA ME METER
EM ALGO, ALGUÉM
OU COISA ALGUMA,
SE É PRA ME METER A SER
COISA QUALQUER,
SE É PRA ME METER
EM BURACO ALGUM QUE SEJA,

QUERO QUE SEJA ASSIM
FUNDO NEGRO, LISO, ESCURO.
QUE EU NÃO SEJA GENTE
COISA QUE AZEDA E MENTE

QUE EU NÃO SEJA NADA.
COISA QUE HÁ TEMPOS IMPLORA
SEMPRE DE JOELHOS
A MERDA DA MINHA ALMA.


 Paula Miasato

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

SOMOS FORTES E DOCES

(desenho de Rodin - Amantes)

não... não é mais um texto de amor... pelo menos por enquanto...

Eu e essa minha mania incorrigível de auto proteção... Nem sei mais se é junto ou separado que se escreve essa merda, enfim, a vida de um molusco não é fácil. Requer anos de construção, poda, punição. Só assim se adquire o casco (visualizo uma lesminha daquelas tipo caracol, saca?). Então...
Minha cabeça é uma merda, já me lembrei agora das genitálias do molusco (que ainda não vi), dos Rossettis, e do... Como chama mesmo aquele cara? Um vesguinho com cara de tarado, mas que acho que queima a rosca... Putz, o Cassiano adora ele... Esqueci. É. Eu esqueço nomes, datas, compromissos e tudo o mais (neurônios a menos, não querendo ser repetitiva, mas sendo). Dá-lhe Gardenal!!!!
To sem foco pra escrever, mas sentindo uma necessidade enorme de vomitar tudo o que há meses tá entalado na minha garganta e sei que isso não vai funcionar, porque quando estou assim perco o foco, misturo os assuntos, falo de lesmas, de tarados e genitálias tudo ao mesmo tempo e duvido, DUVIDO que alguém aí vai entender meia dúzia de palavras do que to escrevendo hoje, mesmo porque isso não é um conto, crônica ou poema engavetado que foi aprimorado para postagem e posterior publicação. Aliás, eu quero mais é que as publicações se fodam, e quero que se fodam também todas as postagens belamente construídas anteriormente por mim e que foram premiadas ou publicadas, porque isso hoje para mim já não tem a menor importância. Nem meu nome mais carrego. Não aliso mais meus textos, não os corrijo, não os reviso, eles não precisam do meu carinho, quero eles assim desse jeito: crus, desafinados, desalinhados como uma mulher que passou a noite inteira metendo e acorda com a maquiagem borrada, suor e secreções secas no corpo. Aquele cheiro de sexo no quarto, nos lencóis, debaixo das unhas, nos cabelos, aquela imundície sacana e cheirosa amanhecida. O sangue. Quero eles assim. 
Eu ia falar sobre ti hoje, mas decidi não falar. Você me provocou, aqui estou eu. Do jeito que ninguém quer, do jeito que a sociedade rejeita, do jeito que sempre sofri, do jeito que você também sofre. Pode parecer rude, mas minhas linhas hoje estão cruzadas e do mesmo jeito que sinto ódio, sinto saudade, amor e ainda, ainda posso sentir o seu cheiro. Um cheiro forte e doce, assim como somos. 
Sim. Somos fortes e doces. E isso... Ah meu demônio... Isso ninguém tira da gente.


Paula Miasato