segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
MILIVERSOS
O verbo orvalhou,
De uma gota
Nasceu o verso.
Lapidado e precioso,
Medido, quantificado, envasado
Pelas penas do poeta amoroso.
Mas isso não é tudo,
Grito
Pelo subverso!
Grito pela verborragia!
Pela hemorragia na poesia!
Subversivo supraverso!
Verso, converso:
Subverter a ordem
Dita natural da coisas;
Nenhuma ordem é natural,
A desordem é fundamental.
Como o universo
De uma explosão,
Toda ordem
Nasceu do caos.
Como os fragmentos de uma granada,
Miliversos esparramados pela sala,
Pelas ruas,
Carregados pelo vento,
Semeando tempestade
Dentro dos pensamentos.
Primeiro a poesia,
Depois a ordem.
Qualquer ordem
Pode ser subvertida,
Ao verso submetida,
Subversos,
Supraversos
Versejantes e travessos
Verdejantes e transversos.
Versos
Do avesso,
Versus o uníssono
Coro dos tolos.
Antes a poesia,
Depois o dia-a-dia.
Primeiro a poesia,
Segundo a anarquia.
Desuniverso,
Reverso,
Inverso.
Revolver os versos
Em busca de perguntas.
A poesia irriquieta
Irriga os espíritos questionadores,
Irrita,
Espezinha,
Insufla,
Até estes encontrarem
O que vai além
Dos cacos
Que chamam de paz.
Não é paz,
É chama,
Inflama,
Respira,
Inspira.
Poesia espiratadeira de almas.
Atravesso agora,
Na hora do adeus,
Tudo o que disse antes,
E lhe desejo,
Fica com Deus.
Eu posso,
Sou mutante.
Sou poeta,
Sou errante.
Seta sem alvo,
Voando a esmo.
Jamais me ouça,
Versão louca
De mim mesmo.
Paulo D"Auria
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