quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eu ia escrever...



Às vezes penso que gostaria de ler o pensamento das pessoas, de poder estar em dois lugares (ou mais ) ao mesmo tempo, de ter visão de raio laser (já imaginou? poder ver as coisas nojentas que as pessoas comem e com a cara mais deslavada do mundo negam até o fim que comeram e mais! Ver a "mutação" dessas coisas nojentas em coisas mais nojentas ainda quando passam do intestino fino para o grosso?), ouvir o que aquela mulher está falando lá longe no ouvido daquele homem sem precisar fazer o menor esforço? Olhos brilhantes, boca salivante na espera do beijo... Vejo tudo. Tudo o que é possível para a desgraça desse ser limitado que é o homem. Mas mesmo sem ser a mulher biônica ou outro super herói com super poderes, tudo o que não vejo e não ouço chega até mim, na caminhada mais idosa, calejada e irônica que se possa imaginar.
Voa o véu que nubla a imagem e a palavra diante de meus olhos e como pássaro que se lança sobre o precipício sem cair, a imagem e o som se fazem presentes em paisagem ampla com diversos focos.
Não é preciso ser super herói nem desperdiçar água lavando calçada com a vizinha.
(E a porra da igreja aqui ao lado de casa despachando demônios enquanto escrevo! Eh maldição! Acaba com qualquer concentração.) Enfim, são flores, meu bem, sem cheiro, mas são flores, eternas. E são minhas.
Outro dia encontrei cinquenta reais num bolso de uma blusa de inverno. Devia estar guardado lá desde o inverno passado. Coisa rara isso, encontrar dinheiro em roupa quando menos se espera, mas acontece e quando acontece, geralmente são dois ou cico reais, mas desta vez foi cinquenta! Ullll! Já gastei.
Porque será que crente tem que gritar tanto enquanto ora? Com todo respeito, oração de crente irrita tanto quanto funk, e geralmente o povo coloca no mesmo volume, o que triplica a irritação.
"Sai dessas costas, meu filho, ó meu Pai! Aleluia! Sai daí! Encontra a luz! Aleluia, aleluia, aleluia!"
Definitivamente, não consigo escrever com essa gemeção toda. Para uma adoradora do silêncio isso é a morte.
Me deixe só com o barulhinho baixinho do meu teclado, na minha casa escura cheirando a cigarro, afinal de contas, no contrato do aluguel não consta nenhuma cláusula dizendo que eu teria que suportar exorcismos em volume máximo quatro vezes por semana...
Meu, é uma garagem de cinco por seis! Por que será que o pastor TEM que usar o microfone?
Senhor, escutai também minha prece baixinha que não incomoda ninguém e use seus super poderes para PIFAR de vez esse microfone... Só hoje, só hoje...


Pam

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