sexta-feira, 15 de abril de 2011

Control Alt Del

Nossa! Hoje é um dia desses que, se eu pudesse deletar da minha vida em apenas um clique agradeceria a todos os deuses.
Dor. Dor de cabeça infernal. Não consigo abrir o olho, dói. Tento levantar de olhos fechados. Dói o pescoço, dói a cabeça. Desisto e deito.
Tenho que trabalhar. Tento de novo. Ai. Não dá. Abro os olhos. Um deles está grudado. deve ser conjuntivite, arde e sinto uma ameixa em calda banhada em areia na cara. Dói a cabeça, dói o pescoço. Merda! Não adianta usar melissinha nem tingir os cabelos super hiper mega pretos de loiro pra disfarçar... a idade está chegando e o tempo é inclemente.
Puta sol lá fora. Hoje entro as 10 e vou até as 20. Merda! Tenho que ir trabalhar. Não posso! vou contagiar todo mundo. Contagiar quem? Compartilho meus dias de trabalho com moscas e fantasmas.
Não dá. Vou ao médico. O que voce quer moça? Como assim o que eu quero? Estou num pronto socorro, quero ser atendida, porra! RG e carteirinha do convenio. Perdi a carteirinha. Infelizmente não podemos atende-la moça, sem a carteirinha não há como fazer a ficha.
Tá, tá, vou no posto de saúde. A cada passo uma fisgada na cabeça (excesso ou falta de fenobarbital?). Não consigo atravessar a rua, meu pescoço não mexe. Fui assim mesmo. U carro buzinou, mandei a merda.
Chego no posto. Um formigueiro. Pois não moça? Pois sim, dona moça, posso ser atendida? Cara de pirata, olho esquerdo aberto, direito fechado. Carteirinha do SUS por favor. POR FAVOR! Nossa! Bencão para os ouvidos. Essa eu não perdi. Tó, tá aqui.
Vou fazer sua ficha. Pode aguardar ali. Olho (com um olho só). Onde? Encostei na parede junto ao extintor que apesar de estar com apenas um olho já condenado por um possível glaucoma consigo ver que está com a validade vencida.
Trinta minutos depois a mocinha me chama. Assine aqui. Agora pode esperar lá do outro lado.
Tá.
Fui.
Após tres horas de espera, dor no olho, dor no pescoço e uma puta fome, abandono a parede cinza e vou embora, do mesmo jeito que cheguei, com dor, ameixa em calda na cara, pescoço duro, sem ser atendida.
Chego em casa, enfio guela abaixo tres neosaldinas, um diclofenato sódico e 20mg de diazepan pra dormir, esquecer da dor, da ameixa, do pescoço, dos meus quarenta anos e do encontro de hoje a noite, que a essa altura melou.
Dois eventos na Casa hoje a noite. O Cassiano não vai estar lá, pediu ajuda a mim e a Cris. Coitada da Cris. Desculpe Cassiano, desculpe Cris, não sou de deixar ninguém na mão, mas eu hoje to só o pó da rabiola e ainda vou sofrer desconto no pagamento por causa da merda de atendimento médico dessa porra de país, como se já não bastasse a precária proposta e condições de educação que os raros bons professores enfrentam no cotidiano, o que me enerva a cada feriado que chega e minha filha questiona o porque do feriado e quem foi Tiradentes... Aff.
Queria deletar esse dia da minha vida.


Pam Orbacam

Nenhum comentário: