domingo, 17 de abril de 2011

TATUAGEM INDÍGENA (Eu sou má... muito má...)




Bonita sua tatuagem...
Me disse isso, com olhos de alfinete, boca vermelha e carnuda. Tinha ciúme dele.
Obrigada. Fiz numa tribo indígena (lembrei da Clarah e ri por dentro), os Tucumã, no Acre (Afe!, não sei daonde tirei isso). Passei quatro meses lá. São pigmentos naturais, preparados na hora, retirados de sementes. Eles usam um palito afiado de uma árvore que naturalmente expele um líquido anestésico, como um leite. Adormece a pele e não dói. Só que depois de um dia o efeito passa, a pele incha, surgem feridas que sangram e minam leite e pus. Coça e dói por 10 dias, porém o resultado final é este.
Nossa! Que interessante! Já havia ouvido mesmo falar nessa técnica, mas nunca conheci alguém que tivesse tido coragem de fazer.
Como o povo é besta. Acredita em qualquer bobagem que voce fala. Basta fazer cara cult.
Subi as escadas e mal podia esperar para entrar na administração pra me esborrachar de rir.
Desci, peguei um café. Me rodeava feito urubu sobrevoando carniça.
Já tomou um?
Sim.
Quer água?
Não. Ah! Acho que vou tomar mais um cafezinho... Chegou pertinho de mim. Me olhava. Seria mesmo ciúme dele ou ela queria me comer?
Ele desce e diz pra mim em voz alta: Vamos comer pastel? Vamos!
Argh! Não! Se fosse cerveja iria. Pastel não. Óleo, sol, gordura... Bom apetite.
Ela o acompanhou até o pastel. Feição que misturava inconformismo com desejo (de mim ou dele?).
Sei lá. Sei que saí de lá rindo muito e com a sensação de missão do dia cumprida.


Pam Orbacam


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