terça-feira, 17 de maio de 2011

DIÁRIO DE LULU

Just like Sweet Jane...

(quem tiver a fim de assistir o vídeo vai ter que clicar no título, porque essa porra que deveria estar no meu post não está disponível para compartilhamento no youtube. Povinho egoísta... humpf!)


As pessoas geralmente se assustam quando digo que me casei e separei já por quatro vezes. A reação é sempre a mesma: olhos esbugalhados, boca aberta (em alguns casos consegue-se até enxergar as papilas gustativas, detectar quem tem língua geográfica e até quem não escova a língua, eca!) e consequentemente a inevitável, repetitiva e (desculpem-me..) cretina pergunta: "Nossa! Mas nenhum de seus casamentos deu certo?" Voce deve ser insuportável! Ou escolhe mal os homens...

Ai, ai... Gente. GENTE! Como odeio gente e a burrice que esse povo insiste em carregar a tiracolo... Claro que deu certo, porra. Todos deram certo, cada um na sua medida, cada qual em seu tempo. A única diferença que existe entre os casamentos duradouros e os meus é que eu tenho coragem de cair fora e começar do zero quando percebo que não está mais sendo bacana para mim ou para o outro, caralho!

Amei meus maridos. Vivi intensamente meus casamentos, fui fiel, companheira, mulher de fogão e cama, mas como todo produto perecível (e somos) tenho cá comigo o meu prazo de validade (todos temos).

Isso não significa menosprezo de minha parte pelos homens com os quais fui casada. É apenas realidade, algo que acontece com 80% dos casais, mas que nem metade deles tem culhão para admitir ou assumir que o que um dia foi puro tesao, amor e loucura depois se tornou companheirismo seguido pelo comodismo, que aquilo que pensavam ser para sempre que nunca acaba... acabou!

Não me ensinaram a viver assim. Confesso que não acho ruim. Quando amo, amo de verdade, fico inteira, não sei dividir o outro nem a mim. Mas quando acaba, acaba, e é tão intenso quando o começo.

Sim. Fui feliz em meus casamentos. Não me arrependo de nenhum deles, nem do qual fui traída e trocada por outra, esse foi tão bom quanto os demais, cada qual com suas peculiaridades.

Sim. Todos os meus casamentos foram bem sucedidos. Vejo dessa forma. As migalhas, cacos, e paredes rachadas me parecem tão minúsculas diante do amor, do fogo, da fome, da paixão que vivi neles...

Sou uma mulher naturalmente apaixonada pela vida e pela morte. Sou brega, acredito no amor (com prazo de validade, claro), mas acredito, e meto a cara de frente sem fechar os olhos. Não espero pela misericórdia.

Prefiro correr o risco, ser ridícula, tirada de louca ( as pessoas dizem que sou, eu não acho). Lembrei de Mallory Knox em Assassinos por Natureza, personagem para mim fortíssimo, apaixonada, escancarada, explosiva. Ela cantava sozinha em sua cela enquanto esperava pelo momento de ver o seu amor: "its such a sin, born bad, its such a sin, I guess I'm born, naturally born bad" . Depois disso corria para a grade da porta da cela, metia a testa no ferro e apagava no chão. Minutos depois acordava e acendia um cigarro. Fumava gostosamente até a metade e apagava com a sola do pé. Intenso, justamente pelo fato de não levar ao pé da letra a letra da música, mas a condição, situação, coragem e desprendimento.

O amor que chega pela porta da frente atrás de dez quilos de carne, avental sujo de sangue. Solta a carne no chão. Vambora? Vamo!

Eu estou sempre de chegada e de saída, até o dia em que ficar velhinha e encontrar um velhinho para dividir a velhice na bengalice, assim como as histórias das doidices. Isso não está longe de acontecer.

É. Sempre vale a pena. Aos quarenta anos, hoje, tenho plena certeza disso.

O importante é nunca perder a ternura, e sempre enxergar nas pessoas o lado bom e na vida a cor.

Ainda vou amar alguém de novo. E dessa vez, será tão intenso que será para sempre (até acabar...).

Pam Orbacam

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