segunda-feira, 9 de maio de 2011

SAPATINHOS

(Para Mariana Miasato de Pólito)


Ganhei um par de sapatinhos. Tão belos e delicados os sapatinhos, lembrei-me do conto original de Hans Christian Andersen "A História dos Sapatinhos Vermelhos".
Meu par de sapatinhos, apesar de parecer ter vida própria ou apresentar um encanto qualquer o qual não sei explicar ao certo me fez dançar em frente ao espelho feito criança. Foi muito gostoso ser presenteada por uma pessoa tão amada com algo que trouxe lembranças de infancia, encantamento, algo além do material, que apesar de ser concreto mexe com alguma coisa dentro do peito que remete a instintos obscuros, coisa dos contos de fadas originais.
Ao contrário do conto original, meus sapatinhos não foram amaldiçoados e certamente não me deixarão aleijada a golpes de machado. A história de meus sapatinhos realiza um sangue diferente do conto de Andersen, é o sangue umbilical, que não fere, que eterniza, que é sublime mesmo sem que voce, filha saiba disso, afinal de contas, sua intenção era apenas me presentear com um par de sapatinhos no dia das mães gastando orgulhosamente o dinheiro do seu primeiro salário de emprego com registro em carteira, sem imaginar sequer a infinidade de coisas surreais que vieram dentro de cada pé desse par de sapatinhos.
Loko né, mina zika? Ah... Um dia voce vai ler isso e entender o que eu estou querendo dizer.
Tenho certeza disso, afinal de contas, filha de peixe, peixinha é.
(Para quem não conhece o conto de Andersen, deixo aqui uma versão não tão modificada:
http://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/697486)


Pam Orbacam



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