domingo, 29 de maio de 2011

SCARPIN BRANCO




(um sentimento estranho.)

Te pego em frente a Igreja do Bonfim, daqui cinco minutos. Você de scarpin branco, calcinha branca (pequena), vestido branco, véu e um buquê de flores. Aceita? Estou levando o colar.
Ri. Quero ir para João Pessoa.
Eu quero ir para Maceió.
Quero ser feliz.
Quero tirar o relógio.
O telefone toca. Caralho! 23h30. Trabalho.
Não, essa mesa é por conta da casa. Leva para o lounge. As demais o licor é cortesia dependendo da consumação. Presta atenção! Não posso sair daí um só minuto? Rodelas de tomate da mesma cor, espessura e tamanho, já disse. Seu salário está alto demais...
Água com gás e vinho tinto seco, exatamente do jeito que gosto. O colar no pescoço. O scarpin... preto, a meia desfiada pelo relógio. É, está na hora de tirar o relógio...
Quero ir para João Pessoa.
Pretendo ir para Maceió. Daqui cinco anos tudo estará pronto. Maceió. Sem relógio, pés na areia. Uma pequena pousada com um restaurante personalizado, com meus pratos. Já tenho a equipe selecionada, de qualidade, de confiança. Quero estar lá com minha mulher.
O vinho desceu amargo, as taças e os planos não eram exatamente como imaginei.
Pressão.
Dúvida.
Pressa.
O almoço de domingo o esperava.
O salário do funcionário era alto demais.


Pam






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