domingo, 12 de junho de 2011

PENSAMENTOS DESCONEXOS (eu nunca consigo... deixar de ser eu.)



O pijama amarelo de botões e as pantufas rosa com pompons. A "sensualidade" em pessoa. As unhas mal feitas, esmalte vermelho descascado nas pontas. As mãos deslizavam sobre os pelos negros da gata e ela serrava os olhinhos e soltava miados quase inaudíveis. Lembrei de quando ninava Mari há quase 17 anos atrás. Isso se foi, esvaiu, passou. Sinto uma solidão gostosa, fria, silente.
Ontem salvei da morte o meu ratinho, João Negão. Ele tem cavanhaque branco e quase morreu de frio. Estava encolhido entre os jornais picadinhos quase que totalmente gelado. Coloquei o bichinho em contato com minha pele quente por baixo do pijama para aquecê-lo, como se faz com um bebê e João, com muito custo e vagarosamente retomou consciência, abrindo os olhinhos e chacoalhou os bigodes e sinal de agradecimento. Sim, os ratos sentem frio. Me senti mãe de novo. Esse sentimento tem se rarefeito durante os anos. O tempo passa, os filhos vão para a vida e é assim que deve ser.
Sinto uma solidão gostosa, fria e silente.
Sinto além disso um sentimento estranho, meio que indecifrável e contraditório, uma coisa incompreensível para mim. Além da solidão gostosa, fria e silente, um desejo de afundar meu nariz no seu peito e roçar meus pés nos seus sob o cobertor quente, em contrapartida uma vontade voraz de nunca ter saído da barriga da minha mãe, de dentro daquele mundinho gostoso, também quente e... protegido. 
Ou então... gritar o desejo insuportável de ficar nua e tomar banho de tinta e rir alto do que um dia acreditei que não fosse apenas uma brincadeira boba. Vontade de não ser brinquedo nas mãos das pessoas. Vontade de... 
Sei lá. Hoje, apenas pensamentos desconexos. Neurônios a menos, apenas.
Penso além do que deveria. Eu nunca consigo deixar de ser eu (desculpe Rishi). E sinceramente, acho que eu sou uma besta mesmo. Mas isso passa. Sempre passa, assim como o tempo, os filhos, o frio e você.


Pam

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