domingo, 13 de novembro de 2011

É uma dor que dói.



Ultimamente está difícil esquecer que dói. O gás acabou, o feijão cru com bacon dentro da panela esperando "um gás", assim como eu.
Minha energia esses dias está como meu Mac, sempre na reserva. Me arrasto pelos cantos como se pesasse 200 quilos. 
Ultimamente está difícil esquecer que dói. 
As caixas empilhadas prontas pra mudança continuam na minha frente e toda vez que as olho me pergunto o porquê de levá-las. Há um mês estão lacradas e até agora não mexi em nenhuma delas, o que me leva a um questionamento profundo sobre a importância do recheio... Energia nenhuma para jogá-las fora. Continuam ali, no mesmo lugar,  lacradas e opacas. Meu espelho.
Ultimamente está difícil lembrar porque dói. Tenho motivos de sobra pra essa sensação maldita e memória nenhuma para lembrar os motivos. 
Ultimamente está difícil saber porque não deveria doer, afinal de contas sempre foi assim, todos temos nossas dores e eu não vou ficar aqui fazendo firulinha, quem sabe talvez um copo de vodka com chá gelado me ajudaria a lembrar, esquecer ou saber, sei lá. Talvez dormir ou escrever algo que preste ou descobrir o porquê da dor.
Quem hoje me viu teve a certeza que esta criatura que vos fala não consegue ficar sem sorrir. Sente dor, abraça, beija e sorri, fala merda, mas a dor, ela continua ali, grudada com super bonder bem lá dentro, esperando alguma coisa, não sei ao certo o que (se soubesse talvez já teria dando um jeito de vez na maldita) que a arranque de lá. 
Ultimamente está difícil esquecer que dói. É latente. Não estou mais conseguindo nem olhar nos olhos das pessoas. Me sinto tão transparente, tão frágil que o olho de alguém talvez me quebrasse em pedacinhos. Não me pergunte porque. Eu não sei. 
Eu queria estar em Vila Isabel, queria estar na pastelaria da Praça do Carmo, ou no bar que a vigilância sanitária fechou esses dias. É eu li no jornal. Está fechada. Como as caixas, como eu.
Eu fugi do Pondé, dos Rossetti, de quem me amava, mas cada vez que fecho os olhos posso ainda, mesmo assim ver a dor. E ela dói.
Os livros que leio hoje, os novos e os de sempre não tem cheiro. Percebo que uma vitrine nos separa de algo que eu não posso ou não devo absorver porque não há espaço, não mais.
Ultimamente está difícil entender porque dói tanto, embora talvez seja melhor assim. 
Eu sinto falta, saudade e nojo. Não há solução pra isso, é antagônico. Eu gosto e desgosto simultaneamente. Sentimentos epilépticos. To tentando entender, mas tá difícil.
Se eu deitar no seu colo, você faz cafuné na minha cabeça? Só pra eu tentar esquecer a dor... 
Tá difícil...
Putz, o feijão... Realidade maldita!

Paula Miasato

Um comentário:

Anônimo disse...

Caio Fenando Rossi: É o que se chama Absurdo. Contradição. Sim e não juntos, simultâneos.